A universidade é uma reivindicação do movimento indígena há mais de 15 anos.
O governo federal enviou ao Congresso Nacional o projeto de lei que cria a Universidade Federal Indígena (Unind) e apresentou oficialmente a proposta nesta quinta-feira (27), em cerimônia no Palácio do Planalto. A instituição, primeira do país estruturada e dirigida por indígenas, foi celebrada por lideranças de diversas etnias, ministros, professores, anciãos e jovens que acompanharam todo o processo de construção.
Em seu discurso, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, afirmou que o lançamento representa uma “reparação histórica” e uma vitória construída a partir da mobilização do movimento indígena. “A Universidade Federal Indígena representa mais do que uma nova instituição de ensino superior, ela concretiza uma reparação histórica e apresenta para o Brasil e para o mundo uma proposta de pensamento e produção de conhecimento que rompe com a lógica colonial”, disse a ministra durante o lançamento.
Segundo a ministra, a Unind nasce após um amplo processo de participação popular. Entre 2024 e 2025, foram realizados 20 seminários regionais, reunindo 3.479 pessoas de 236 povos indígenas. As contribuições dessa escuta subsidiaram o trabalho conduzido pelo MEC em parceria com organizações especializadas, como FNEEI, CNEEI e ANDIFES, além da Funai e do próprio ministério.
Sonia destacou que a universidade terá gestão administrativa e pedagógica liderada por indígenas, com um modelo multicêntrico e em rede, pensado para atender diferentes biomas e territórios. “Uma universidade gerida e liderada pelos povos indígenas vem combater o apagamento da memória, revitalizar as línguas e reconhecer o valor das medicinas, filosofias e ecologias indígenas, validando e valorizando nossos saberes”, destacou.
Durante a cerimônia, Guajajara relacionou a universidade às demais ações do governo Lula voltadas aos povos originários, incluindo demarcações de terras, portarias declaratórias e a atuação durante a COP30, quando o Brasil teve a maior participação indígena da história das conferências climáticas. “Não existe educação indígena sem terra indígena”, ressaltou.