O PL para criação da instituição foi enviado nesta quinta-feira (27) ao Congresso Nacional.
A Universidade Federal Indígena (Unind) é um marco histórico para a educação escolar indígena no Brasil, reivindicada há quase 15 anos pelo movimento indígena. O projeto de lei foi enviado ao Congresso Nacional e inaugura um modelo de ensino superior estruturado para atender às especificidades dos povos indígenas, com protagonismo na gestão acadêmica e administrativa.
Os cursos previstos, ainda sujeitos à deliberação final, abrangem áreas apontadas como prioritárias pelos povos indígenas durante o processo de escuta. Estão previstos cursos em áreas como, gestão ambiental e territorial, sustentabilidade socioambiental, gestão de políticas públicas, promoção das línguas indígenas, saúde, direito, agroecologia, engenharias e tecnologias e formação de professores.
A universidade terá sede em Brasília, mas funcionará em rede, integrada a outras instituições federais de ensino superior e organizada de forma multicêntrica, permitindo que diferentes regiões e biomas sejam contemplados. O formato foi definido após um amplo processo de escuta realizado em 2024, quando 20 seminários reuniram lideranças, educadores e movimentos indígenas de todo o país.
Pilares e infraestrutura
Segundo o Ministério da Educação, o funcionamento da universidade se apoia em quatro eixos centrais, são eles: autonomia indígena na condução de ensino, pesquisa e extensão, com perspectiva intercultural; valorização de saberes, línguas e práticas tradicionais, em diálogo com o conhecimento acadêmico não indígena; produção de conhecimento científico integrada a filosofias, ecologias e práticas ancestrais; formação de quadros técnicos em áreas estratégicas para o desenvolvimento dos territórios indígenas e a atuação profissional em diferentes setores.
A Unind contará com uma infraestrutura pensada para garantir permanência, bem viver e circulação de saberes indígenas. Entre os espaços planejados estão: moradias universitárias para estudantes e professores; ambientes de convivência, estudo, esporte, leitura, alimentação e lazer; espaços para ritos e cerimônias tradicionais; observatório da Vida Estudantil, para acompanhar permanência, saúde, moradia e inserção profissional; biblioteca com amplo acervo multimídia; laboratórios específicos, auditórios equipados e salas de aula híbridas; instituto Intercultural Indígena, voltado para memória, artes, festivais e intercâmbio cultural.