Pensar o futuro da Mãe Natureza implica pensar em quem serão seus futuros Guardiões. A juventude indígena clama por voz e ocupação de espaços. Foi por meio da internet e das novas tecnologias do século XXI que Erisvan Bone e outros jovens do Povo Guajajara, do Maranhão, criaram a Mídia Índia, uma página no Facebook que busca promover uma comunicação feita por indígenas e para indígenas.
“Neste mundo moderno, indígena usa tecnologia, tanto no celular quanto no carro, mas não significa que esqueceram da própria cultura. E isso nós, jovens, temos que continuar. Temos que estar juntos, para manter nossa cultura e para viver mais. Se perdemos a cultura, perdemos a natureza”
Beptuk Mutuktire, liderança jovem do Povo Kayapo.
Diante da necessidade de canalizar o engajamento da juventude, a Mídia Índia surgiu como o meio encontrado, através da comunicação, para mostrar ao mundo a vida dos indígenas brasileiros de uma forma diferente da narrativa negativa e preconceituosa veiculada pela mídia tradicional. Erisvan Bone e outros jovens companheiros indígenas sentiram a urgência de criar uma plataforma que mostrasse a verdadeira história, culturas e tradições de todos os Povos Indígenas do Brasil.
Integrada a um projeto maior, o Coisa de Índio, a Mídia Índia foi oficialmente lançada em abril de 2017, durante o Acampamento Terra Livre, e nasceu com o objetivo de “mostrar nossa cultura sem precisar que o branco fale por nós”, afirma Erisvan, jovem de 27 anos formado em jornalismo pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão).
Oficinas e capacitações em texto, fotografia, vídeo e fanzine já foram realizadas com os Guajajara, sempre com a intenção de emancipar a juventude indígena e torná-la capaz de registrar a cultura e dar voz às reivindicações de seu povo.

“Tudo o que a gente faz quando sai de casa, a gente volta e mostra pro pessoal, explica o que aconteceu e ensina as questões políticas. Com isso, damos retorno à nossa comunidade e eles se sentem valorizados”
A partir de agora, o objetivo é recrutar o maior número possível de colaboradores. Indígenas de todos os cantos do Brasil são mais que bem-vindos para somar forças neste projeto de comunicação indígena.
Como reforçado pelo ancião Paulinho Paiakan (BRA), do Povo Kayapo, “nós já lutamos, fizemos parte da história, agora é hora dos jovens continuarem lutando”. Esse é um dos maiores aprendizados da Grande Assembleia: pensar no futuro. Valorizar a juventude e orientá-la para que se torne a próxima geração de líderes Guardiões da Mãe Natureza.