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A voz que conta a nossa história

Helena Corezomaé reflete sobre a importância do registro histórico feito pelos próprios povos indígenas, partindo da emblemática foto de Tuire Kayapó por Protásio Nenê em 1989. Ela argumenta que esse marco ilustra como a autorrepresentação é crucial para evitar o apagamento das narrativas indígenas.

A autora destaca a evolução desse cenário com o acesso à educação formal, citando a cobertura da 1ª Conferência Nacional de Política Indigenista (CNPI) em 2015 como um ponto de virada. Na avaliação dela, esse evento simbolizou o início de uma nova fase, onde comunicadores indígenas começaram a documentar oficialmente suas próprias pautas.

Segundo sua análise, o crescimento exponencial de profissionais indígenas na comunicação – de um pequeno grupo em 2015 para os atuais 1.095 mapeados pela Mídia Indígena – demonstra uma transformação estrutural. Ela enfatiza que a fala de Erisvan Guajajara sobre a criação do coletivo revela uma estratégia consciente de amplificar as vozes indígenas através de canais próprios.

Helena observa que as declarações dos participantes do 1º Encontro Nacional de Comunicação Indígena reforçam o amadurecimento do movimento. Para ela, a fala de Flay Guajajara sobre ver a rede “como um filho” que agora é cuidado por muitos simboliza essa transição de um projeto individual para uma força coletiva.

A autora concorda com a perspectiva de Daiara Tukano, apresentada no texto, de que “não existe luta sem comunicação”, acrescentando que a trajetória histórica apresentada por Ykarunī Nawa corrobora essa tese ao mostrar a evolução das ferramentas de comunicação indígena.

Em sua conclusão, Helena endossa a visão de que a comunicação indígena contemporânea cumpre um duplo papel: além de levar a memória dos povos para os não indígenas, está ativamente “reflorestando mentes” e reescrevendo a história do país a partir de uma perspectiva autóctone. Ela interpreta o tom do texto como otimista em relação ao futuro, sugerindo que a profissionalização e articulação dos comunicadores indígenas representam um avanço irreversível na autorrepresentação desses povos.

Fonte: https://www.olhardireto.com.br/artigos/exibir.asp?id=16540&artigo=comunicacao-indigena-a-voz-que-conta-a-nossa-historia

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