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A Resposta Somos Nós: marcha em Belém cobra demarcações, denuncia violência e exige compromisso climático de líderes globais.

O ato aconteceu nesta segunda-feira, 17.

Com cantos tradicionais, pinturas corporais e manifestações culturais, indígenas e ativistas ocuparam as ruas de Belém na manhã desta segunda-feira (17) durante a Marcha Indígena  A Resposta Somos Nós. A mobilização marcou o “Dia dos Povos Indígenas na COP30” e reforçou reivindicações históricas relacionadas à demarcação de territórios e à proteção dos biomas. 

A marcha teve início por volta das 8h em frente à Aldeia COP, estrutura montada na Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (UFPA), na Avenida Perimetral. O espaço abriga cerca de 3 mil indígenas de diversas regiões do Brasil e de outros países que participam da conferência e das atividades paralelas. De lá, o cortejo seguiu até o Bosque Rodrigues Alves, em um percurso marcado por danças, cantos de guerra e faixas que pediam ações concretas para enfrentar a crise climática.

Organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e por entidades aliadas, a marcha destacou três eixos centrais considerados urgentes pelo movimento. O coordenador executivo da Apib pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Kleber Karipuna, afirmou que a presença indígena na COP30 busca pressionar governos e organismos internacionais a assumirem compromissos reais com os territórios tradicionais.

Segundo ele, a demarcação de terras é uma medida indispensável para frear o avanço da emergência climática, diante da função desempenhada pelos povos indígenas na conservação de florestas e biomas.

”As três principais bandeiras que queremos transmitir ao mundo são: primeiro, a necessidade de arrancar desta COP um compromisso real dos líderes globais com nossos territórios. A demarcação e a proteção das terras indígenas são fundamentais para enfrentarmos a emergência climática que o planeta vive hoje. A segunda pauta, muito importante, é dar visibilidade à defesa da vida dos defensores e defensoras indígenas que estão sendo assassinados. Ontem mesmo, no domingo, em Mato Grosso do Sul, uma liderança Guarani Kaiowá, que lutava pela defesa de seu território,  foi brutalmente assassinada com um tiro, e várias outras lideranças ficaram feridas”, disse

Outro ponto enfatizado por Karipuna é a posição contrária à exploração de combustíveis fósseis e à mineração em terras indígenas. Para ele, discutir novos projetos de petróleo e gás é incompatível com os compromissos climáticos assumidos globalmente, sobretudo em áreas que concentram grande biodiversidade e comunidades tradicionais.

“A mensagem da marcha também é essa: é preciso defender a vida desses defensores, porque eles lutam pela vida de todo o planeta ao protegerem seus territórios.E a terceira mensagem fundamental é o posicionamento contra qualquer projeto de exploração de combustíveis fósseis”, complementou. 

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, participou do ato e conduziu um grupo de mulheres do povo Guajajara. Ela disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai anunciar novas demarcações de terras indígenas durante a COP30. No início da tarde, a ministra informou que quatro terras foram homologadas, dez declaradas e seis tiveram RCID publicado.

Com cantos tradicionais e manifestações culturais, indígenas e ativistas se uniram na manhã desta segunda-feira (17) na Marcha Indígena A Resposta Somos Nós, que tomou as ruas de Belém durante a programação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).

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